A morte, que é o fim
do amor, corria à solta nos temporais
da alma. Eu podia ter uma consciência
da sua presença nalguns intervalos bruscos ,
quando os teus passos me faltavam, e
só uma nova respiração, atrás de mim, me
restituía o ânimo da ascenção. Tu,
liberta dessa morte que te prendia os lábios,
dizias-me: não me deixes! Como se fosse
preciso dizê-lo! E não fosses tu a única
razão desta viagem a que dei o nome
vida, sabendo que a sua única verdade é esse
amor. Porém, os nossos lábios não se
encontravam na certeza do tempo.
O futuro instalou a sua distância naquilo
que é o presente, com a sua duração inscrita
no destino dos que conheceram uma
coincidência de um e outro, o olhar uníssono
dos amantes, o brusco repouso de uma
ânsia de espaço. Aqui, a distância é o que não
separa; o medo da mudança dissipa-se;
e a recordação é o que está depois do que foi
vivido, como se fosse a memória a construir
o dia de amanhã.
Nuno Júdice

Foto daqui: segredos_escondidos.blogs.sapo.pt/2008/02/, VALORES
do amor, corria à solta nos temporais
da alma. Eu podia ter uma consciência
da sua presença nalguns intervalos bruscos ,
quando os teus passos me faltavam, e
só uma nova respiração, atrás de mim, me
restituía o ânimo da ascenção. Tu,
liberta dessa morte que te prendia os lábios,
dizias-me: não me deixes! Como se fosse
preciso dizê-lo! E não fosses tu a única
razão desta viagem a que dei o nome
vida, sabendo que a sua única verdade é esse
amor. Porém, os nossos lábios não se
encontravam na certeza do tempo.
O futuro instalou a sua distância naquilo
que é o presente, com a sua duração inscrita
no destino dos que conheceram uma
coincidência de um e outro, o olhar uníssono
dos amantes, o brusco repouso de uma
ânsia de espaço. Aqui, a distância é o que não
separa; o medo da mudança dissipa-se;
e a recordação é o que está depois do que foi
vivido, como se fosse a memória a construir
o dia de amanhã.
Nuno Júdice

Foto daqui: segredos_escondidos.blogs.sapo.pt/2008/02/, VALORES
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