A morte, que é o fim do amor, corria à solta nos temporais da alma. Eu podia ter uma consciência da sua presença nalguns intervalos bruscos , quando os teus passos me faltavam, e só uma nova respiração, atrás de mim, me restituía o ânimo da ascenção. Tu, liberta dessa morte que te prendia os lábios, dizias-me: não me deixes! Como se fosse preciso dizê-lo! E não fosses tu a única razão desta viagem a que dei o nome vida, sabendo que a sua única verdade é esse amor. Porém, os nossos lábios não se encontravam na certeza do tempo. O futuro instalou a sua distância naquilo que é o presente, com a sua duração inscrita no destino dos que conheceram uma coincidência de um e outro, o olhar uníssono dos amantes, o brusco repouso de uma ânsia de espaço. Aqui, a distância é o que não separa; o medo da mudança dissipa-se; e a recordação é o que está depois do que foi vivido, como se fosse a memória a construir o dia de amanhã. Nuno Júdice Foto daqui: segr...